MENEZES JÚNIOR
Nasceu em Porto Calvo, Alagoas, Brasil, aos 27 de março de 1886.
É outro poeta que, embora de nome mais familiarizado entre os intelectuais da terra, ainda assim nada conseguimos sobre a sua bibliografia.
Não publicou livro; suas produções poéticas são, porém numerosas, em jornais e revistas de Maceió.
AVELAR, Romeu de. Coletânea de poetas alagoanos. Rio de Janeiro: Edições Minerva, 1959. 286 p. ilus. 15,5x23 cm. Exemplar encadernado. Bibl. Antonio Miranda
ALBATROZ
Tendo, na asa, o valor, que lhe inflama a tortura
Infinita de voar, de desvendar o arcano
De além desse sem-fim de água e céu que o enclausura,
Sacode o voo audaz o albatroz soberano...
Tanto, à vista, lhe foge a ampla e glauca planura,
Onde não chega nunca a ânsia do olhar humano,
Quanto o propele o ideal para o além que procura,
Que o há-de deslumbrar, na conquista do Oceano!
—É assim, no mesmo anseio, a alma estoica do artista!
Na tortura de criar, de que é somente egoísta,
Porque sempre a ilumina um fulgor de epopeia.
Sem, aos voos do ideal, tréguas dar um momento,
Vai — soberbo albatroz do mar do pensamento,
Na escalada da luz do infinito da ideia!
O CASTANHEIRO
Esta árvore compreende o viver de saudade
Que ao sol de estranha terra, a minha alma encarcera
Nesta ânsia de voltar para uma outra ansiedade...
Neste longo esperar para ver quem me espera.
Dói-lhe a desolação que, na ausência, me invade.
Que a entristece também, se a floral Primavera
Longe vai com o verdor que, todo ano a impiedade
do Outono amarelece, ou Verão dilacera...
Por isso, às tarde, quando é uma agonia imensa
O almo sol naufragando em triste mar de sangue.
—Lira verde, em surdina esta árvore, assim pensa.
E em carícia de sombra, ameniza-me a vida
Assim longe e tão só, assim maguado e exangue,
Assim de ânsia e saudade em que vai repartida...
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Página publicada em junho de 2021
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